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segunda-feira, 23 de abril de 2012

PERSEGUIÇÕES: CARTA DE PLÍNIO O MOÇO AO IMPERADOR TRAJANO



Transcrevemos a seguir a carta de Caio Plínio Segundo (Plínio o moço), governador da Bitínia entre 111 e 113, enviada a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 dC, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. A epístola, escrita por volta de 111, foi extraída do "Epistolário de Plínio" 10,96.
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Senhor:
É regra para mim submeter-te todos os assuntos sobre os quais tenho dúvidas, pois quem mais poderia orientar-me melhor em minhas hesitações ou me instruir na minha ignorância?
Nunca participei de inquéritos contra os cristãos. Assim, não sei a quais fatos e em que medidas devem ser aplicadas penas ou investigações judiciárias. Também me pergunto, não sem perplexidade: deve-se considerar algo com relação à idade, ou a criança deve ser tratada da mesma forma que o adulto? Deve-se perdoar o arrependido ou o cristão não lucra nada tendo voltado atrás? É punido o nome de "cristãos", mesmo sem crimes, ou são punidos os crimes que o nome deles implica?
Esta foi a regra que eu segui diante dos que me foram deferidos como cristãos: perguntei a eles mesmos se eram cristãos; aos que respondiam afirmativamente, repeti uma segunda e uma terceira vez a pergunta, ameaçando-os com o suplício. Os que persistiram mandei executá-los pois eu não duvidava que, seja qual for a culpa, a teimosia e a obstinação inflexível deveriam ser punidas. Outros, cidadãos romanos portadores da mesma loucura, pus no rol dos que devem ser enviados a Roma.
Bem cedo, como acontece em casos semelhantes, com o avançar do inquérito se estendia também o crime, apresentando-se diversos casos de tipo diferente:
Recebi uma denúncia anônima, contendo grande número de nomes. Os que negavam ser cristãos ou tê-lo sido, se invocassem os deuses segundo a fórmula que havia estabelecido, se fizessem sacrifícios com incenso e vinho para a tua imagem (que eu havia mandado trazer junto com as estátuas dos deuses) e, se, além disso, amaldiçoavam a Cristo - coisas estas que são impossíveis de se obter dos verdadeiros cristãos - achei melhor libertá-los.
Outros, cujos nomes haviam sido fornecidos por um denunciante, disseram ser cristãos e depois o negaram: haviam sido e depois deixaram de ser, alguns há três anos, outros há mais tempo, alguns até há vinte anos. Todos estes adoraram a tua imagem e as estátuas dos deuses e amaldiçoaram a Cristo, porém, afirmaram que a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se reunirem num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus; de obrigarem-se, por juramento, a não cometer crimes, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado a esta prática após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas.
Então achei necessário arrancar a verdade, por meio da tortura, de duas escravas que eram chamadas ministrae(agente, ministro), mas nada descobri além de uma superstição irracional e sem medida. Por isso, suspendi o inquérito para recorrer ao teu conselho.
O assunto parece-me merecer a tua opinião, principalmente por causa do grande número de acusados. Há uma multidão de todas as idades, de todas as condições e dos dois sexos, que estão ou estarão em perigo, não apenas nas cidades, mas também nas aldeias e campos onde se espalha o contágio dessa superstição; contudo, creio ser possível contê-la e exterminá-la.
Com certeza, sei que os templos desertos até há pouco, começam a ser novamente freqüentados; que as solenidades sagradas até há pouco interrompidas, são retomadas; e que, por toda a parte, voltam a vender-se a carne das vítimas, até há pouco sem compradores. Disto pode-se concluir que uma multidão de pessoas poderia ser curada se fosse aceito o arrependimento delas.

Autor: Caio Plínio Cecílio Segundo, governador da Bitínia.
 
Fonte: Agnus Dei.


Que esse texto fortaleça nossa fé. Vemos que frente a dificuldades muitíssima vezes maiores que passaram os membros da Igreja Nascente, as que passamos hoje são nada. E vemos alguns abrindo mão da caminhada e justificam falta de tempo. Os primeiros cristãos deram suas vidas por Cristo!
 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Papa recorda lugar das mulheres no anúncio da Ressurreição

(9/4/2012) Segunda-feira de Páscoa é feriado na Itália. Na residência de Castelgandolfo, aonde se transferiu domingo à tarde, para um breve período de repouso, Bento XVI recitou ao meio-dia a antífona pascal Regina Coeli, antecedida por uma alocução.
O Papa recordou que a Ressurreição de Jesus constitui “o mistério decisivo da nossa fé”. Como escreve são Paulo aos Coríntios, “se Cristo não ressuscitou, então é vã a nossa pregação e é vã também a vossa fé”. Bento XVI convidou os fiéis a reler, nestes dias, as narrações da ressurreição de Cristo, que encontramos nos quatro Evangelhos: “Trata-se de narrações que, de diferentes modos, apresentam os encontros dos discípulos com Jesus ressuscitado, e permitem-nos assim meditar sobre este estupendo acontecimento, que transformou a história e dá sentido à existência de cada homem”.

O Papa fez notar que os Evangelho não descrevem o acontecimento da ressurreição como tal: “Este permanece misterioso, não no sentido de menos real, mas por ser algo reservado, escondido, para além do alcance do nosso conhecimento: como uma luz tão forte que não se pode encarar de frente com os olhos, pelo risco de cegar”.

Bento XVI fez notar que foram as mulheres que, cheias de temor e de alegria, correram a dar a notícia (do sepulcro vazio) aos discípulos. Precisamente naquele momento encontraram Jesus, prostraram-se aos seus pés e adoraram-no, recebendo então do Ressuscitado a missão de dizer aos irmãos para se dirigirem para a Galileia, onde O veriam. “Em todos os Evangelhos, as mulheres têm uma grande espaço nas narrações das aparições de Jesus ressuscitado, como aliás também nas da paixão e da morte de Jesus.
Naqueles tempos, em Israel, o testemunho das mulheres não podia ter valor oficial, jurídico, mas as mulheres viveram uma experiência de um elo especial com o Senhor, fundamental para a vida concreta da comunidade cristã, e isto desde sempre, em cada época, não apenas no início do caminho da Igreja”. 

fonte: Rádio Vaticano: http://www.radiovaticana.org/por/Articolo.asp?c=578570

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Origem do Ovo de Páscoa

Os ovos de chocolate ou ovos de Páscoa são uma tradição milenar relacionada ao cristianismo. Costumava-se pintar um ovo oco de galinha de cores bem alegres, pois a Páscoa é uma data festiva que comemora a ressurreição de Jesus Cristo, sendo o ovo um símbolo de nascimento. Outros povos como os gregos e os egípcios também coloriam ovos de galinha oco, porém em datas diferentes.
O ovo é símbolo bastante antigo, anterior ao Cristianismo, que representa a fertilidade e a renascimento da vida. Muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no Equinócio da Primavera (21 de Março) era um costume que celebrava o fim do Inverno e o início de uma estação marcada pelo florescimento da natureza. Para obterem uma boa colheita, os agricultores enterravam ovos nas terras de cultivo.
Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, a cultura pagã de festejo da Primavera foi integrada na Semana Santa. Os cristãos passaram a ver no ovo um símbolo para falar da ressurreição de Cristo.
Colorir e decorar ovos é um costume também bastante antigo, praticado no Oriente. Nos países da Europa de Leste, os ortodoxos tornaram-se grandes especialistas em transformar ovos em obras de arte. Da Rússia à Grécia, os ortodoxos costumam pintar os ovos de vermelho. Já na Alemanha, a cor dominante é o verde. A tradição é tão forte que a Quinta-feira Santa é conhecida por Quinta-feira Verde. Na Bulgária, em vez de se esconder os ovos, luta-se com eles na mão. Há verdadeiras batalhas campais. Toda a gente tem de carregar um ovo e quem conseguir a proeza de o manter intacto até ao fim será o mais bem sucedido da família até à próxima Páscoa.
Das tradições da Europa Oriental, o hábito passou aos demais países. Eduardo I de Inglaterra oferecia ovos banhados em ouro aos súditos preferidos. Luís XIV de França os mandava, pintados e decorados, como presentes. Isso iniciou a moda de fazê-los artificiais, de madeira, porcelana e metal, contendo alegras surpresas aos presenteados.
Os ovos de chocolate viram dos Pâtissiers(confeiteiros) franceses que recheavam ovos de galinha, depois de esvaziados de clara e gema, com chocolate e os pintavam por fora. Os pais costumavam esconder ovos nos jardins para que as crianças os encontrassem na época da Páscoa. Com melhores tecnologias, a partir do final do século XIX, se difundiram os ovos totalmente feitos de chocolate, utilizados até hoje.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SERMÃO DA VIGÍLIA DA PÁSCOA


 
Autor: Santo Agostinho de Hipona
Fonte: Livro"Antologia dos Santos Padres"


O bem-aventurado apóstolo Paulo, exortando-nos a que o imitemos, dá entre outros sinais de sua virtude o seguinte: "freqüente nas vigílias" [2Cor 11,27].
Com quanto maior júbilo não devemos também nós vigiar nesta vigília, que é como a mãe de todas as santas vigílias, e na qual o mundo todo vigia?
Não o mundo, do qual está escrito: "Se alguém amar o mundo, nele não está a caridade do Pai, pois tudo o que há no mundo é concupiscência dos olhos e ostentação do século, e isto não procede do pai" [1Jo 2,15].
Sobre tal mundo, isto é, sobre os filhos da iniqüidade, reinam o demônio e seus anjos. E o Apóstolo diz que é contra estes que se dirige a nossa luta: "Não contra a carne e o sangue temos de lutar, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores do mundo destas trevas" [Ef 6,12].
Ora, maus assim fomos nós também, uma vez; agora, porém, somos luz no Senhor. Na Luz da Vigília resistamos, pois, aos dominadores das trevas.
Não é, portanto, esse o mundo que vigia na solenidade de hoje, iras aquele do qual está escrito: "Deus estava reconciliando consigo o mundo, em Cristo, não lhe imputando os seus pecados" [2Cor 5,19].
E é tão gloriosa a celebridade desta vigília, que compele a vigiarem na carne mesmo os que, no coração, não digo dormirem, mas até jazerem sepultos na impiedade do tártaro. Vigiam também eles esta noite, na qual visivelmente se cumpre o que tanto tempo antes fora prometido: "E a noite se iluminará como o dia" [Sl 138,12]. Realiza-se isto nos corações piedosos, dos quais se disse: "Fostes outrora trevas, mas agora sois luz no Senhor". Realiza-se isto também nos que zelam por todos, seja vendo-os no Senhor, seja invejando ao Senhor. Vigiam, pois, esta noite, o mundo inimigo e o mundo reconciliado. Este, liberto, para louvar o seu Médico; aquele, condenado, para blasfemar o seu juiz. Vigia um, nas mentes piedosas, ferventes e luminosas; vigia o outro, rangendo os dentes e consumindo-se. Enfim, ao primeiro é a caridade que lhe não permite dormir, ao segundo, a iniqüidade; ao primeiro, o vigor cristão, ao segundo o diabólico. Portanto, pelos nossos próprios inimigos sem o saberem eles, somos advertidos de como devamos estar hoje vigiando por nós, se por causa de nós não dormem também os que nos invejam.
Dentre ainda os que não estão assinalados com o nome de cristãos, muitos são os que não dormem esta noite por causa da dor, ou por vergonha. Dentre os que se aproximam da fé, há os que não dormem por temor. Por motivos vários, pois, convida hoje à vigília a solenidade (da Páscoa), Por isso, como não deve vigiar com alegria aquele que é amigo de Cristo, se até o inimigo o faz, embora contrariado? Como não deve arder o cristão por vigiar, nessa glorificação tão grande de Cristo, se até o pagão se en- vergonha de dormir? Como não deve vigiar em sua solenidade, o que já ingressou nesta grande Casa, se até o que apenas pretende nela ingressar já vigia?
Vigiemos, e oremos; para que tanto exteriormente quanto interiormente celebremos esta Vigília. Deus nos falará durante as leituras; falemo-lhe também nós em nossas preces. Se ouvimos obedientemente as suas palavras, em nós habita Aquele a quem oramos.


segunda-feira, 2 de abril de 2012

O Cordeiro verdadeiro

 

O manso cordeiro

Jeremias 11,18-20; João 7,40-53


Mais uma vez somos colocados diante de Jeremias, figura de Jesus. Vale transcrever a dolente e confiante prece do profeta que podemos colocar nos lábios de Cristo: “Eu era como um manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim. Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser lembrado”.
Um dos mais belos títulos atribuído a Jesus, já pela boca de João Batista, é o ser o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. O Pai não é nenhum carrasco e não se compraz nas  torturas que são infligidas ao Filho.  O Missal Cotidiano da Paulus assim reflete sobre esse tema: “ Em Jeremias, como em Cristo,  há um aspecto trágico:  o conhecimento do destino trágico que lhe preparam os inimigos, sem a possibilidade de evitá-lo. Não pode  fazer outra coisa senão pôr-se nas mãos de Deus e esperar que este venha salvá-lo no cumprimento deste destino. O drama de sua vocação, como de toda verdadeira vocação, é a necessária repercussão do mistério de Deus na vida do homem.  Quem de Deus tem apenas uma ideia ou uma definição  provavelmente nunca provará o drama do seu encontro  e nunca terá de se despojar de si e perder-se  (cf. Mt  10,39)  para identificar-se com a vontade de Deus.  Deus, porém, mesmo em seu mistério fulgurante, não esmaga a liberdade do homem;  dar-se-á somente  àquele que tiver o direito de cativá-lo”  (p. 280).
Jesus é o verdadeiro cordeiro de Deus. Ele vai caminhando por entre  as alegrias e as preocupações da vida…  Vai sendo ele mesmo e sempre se entregando ao Pai no mistério da oração no deserto, afirmando sempre a verdade mais lídima,  colando-se obedientemente à disposição do Pai.  Vai se oferecendo ao Pai, como um cordeiro sem mancha.  Nessa oferenda, ele salva o mundo do caos, das trevas e do nada.  Jesus  não tem de Deus uma ideia, mas é seu Pai, seu Pai amado, como o qual se envolve incondicionalmente.
Na Eucaristia, no regime do sinal do Pão e do  Vinho, temos junto de nós sacramentalmente, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.  Dia após dia, junto com Cristo, na Eucaristia  ganhamos as graças advindas. A árvore cortada em todo o seu esplendor…
Que bom contemplar o Pão branco na hora da comunhão quando o Ministro nos diz:  Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!
Frei Almir Ribeiro Guimarães
fonte: http://www.franciscanos.org.br/n/?p=13357